sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

"Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente."

Vinicius de Morais

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Os passarinhos

O passarinho está mais livre do que nunca.
Que delícia bater as asas e sentir o sabor do vento.
Observar tudo plenamente.
Visto daqui de cima, tudo é mais bonito.
Os olhos do passarinho são pequeninos.
Mas o que falar da amplitude de sua visão?
Ele está feliz e consegue exprimir emoção no seu canto.
Um ser tão frágil e ao mesmo tempo tão dono do mundo.
Tão belo, tão meigo e tão poderoso.
Louco para encontrar sua passarinha.
Dar beijinhos de biquinhos.
A felicidade dele é tão simples.
Sua única preocupação é cuidar de sua linda passarinha.
A esperar no ninho e tocá-lo com sua delicada asinha.
Os passarinhos, esses sim, são felizes....

Fabíola Blaiso

sábado, 5 de dezembro de 2009

Mais um ano para a conta

Mais um ano de vida.
Procuro não pensar que estou ficando velha.
Estou ficando mais experiente.
Esse ano, quando assoprei a vela de aniversário, não fiz pedidos.
Apenas escolhi verbos que serão usados, pelo menos até o ano que vem.
Crescer, construir, ser, viver, olhar, beijar.
Eu quero tudo que essa passagem pode me oferecer.
Quero pensar, ser produtiva. Quero amar também.
Quero todos os meus amigos perto de mim.
Lembrar e pôr em prática o respeito ao próximo.
Vou espalhar a felicidade pelo ar.
Cantar meu canto no tom mais alto.
Provocar sorrisos e gargalhadas.
Sentir a água do mar nos meus pés.
A vida é isso e eu desejo muito mais.
Compartilharei segredos.
Renovarei paixões.
Vou escrever sobre tudo e todos.
Reencontrarei pessoas.
Olhar fotos e lembrar.
Andar descalço, sentir a terra.
Ouvir o barulho da chuva.
Ficar um sábado a noite assistindo filme velho na tv.
E no próximo ano, esses verbos serão renovados e novos desejos serão colocados em prática.

Fabíola Blaiso