sábado, 24 de julho de 2010

Sarah

Sarah quer escrever qualquer coisa, mas está sem inspiração. É madrugada e ela ouve músicas antigas e melosas em uma rádio que ela nem sabe o nome. Um café? Talvez... Melhor não, pois irá tirar completamente o sono. A mente está vazia e os olhos fixos num ponto insignificante na parede branca do quarto. As músicas cada vez mais perturbadoras a embalam em um momento único de solidão.
Tentativas de pensamentos em vão. Deseja escrever coisas bonitas que agrade aos olhos, rabiscos de sentimento descritos delicadamente como nas poesias feitas por autores sensíveis e bons entendedores de assuntos que balançam corações.
A música termina e Sarah brinca suavemente com a caneta entre os dedos. Ela está decepcionada com a própria incapacidade de não conseguir escrever uma palavra em sua folha de papel de carta decorada e um pouco amarelada. Uma busca incessante por belos versos e a idéia fixa de transmitir um pouco de expectativas, amor, desejo para um curto, porém, marcante texto.
Um cigarro é tudo que ela precisa para relaxar e tentar ver o mundo em outras dimensões, enxergar cores, testar verdades, explicitar felicidade. Ela ri de si mesma. O segredo não está na escolha de palavras difíceis, está em procurar com o coração, encaixá-las de forma sutil, não pensar, apenas sentir. Esquecer pessoas ruins, atitudes infames e tristezas.
O cigarro não foi aceso, no papel não houve um traço, foi apenas dobrado e guardado em uma caixinha de bons pensamentos. O coração precisa de alívio. Amanhã é um novo dia e no seu momento de silêncio, ela se conheceu e percebeu que para qualquer mudança é necessário se desprender, apenas ser.
Ela apaga a luz, deixando naquele espaço uma sensação de início de autoconhecimento. A porta é fechada e fica para trás qualquer vestígio de insignificância. Amanhã, mais uma tentativa em um dia excepcionalmente diferente. Pensando na frase da música de Lulu Santos que acabou de ouvir, “... Tudo que cala, fala mais alto ao coração...” Sarah se deita para dormir, desejando apenas uma boa noite.


Fabíola Blaiso

Nenhum comentário: